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“Hoje, de madrugada, foram conduzidos coercitivamente o reitor e a vice-reitora da UFMG – Universidade Federal de Minas Gerais. Registrando-se ainda que a vice-reitora conduzida acaba de ser eleita reitora com 65% dos votos. Ainda conduziram a professora Heloísa Starling, uma das maiores historiadoras brasileiras, que coordena o projeto República, o ex-Ministro e ex-reitor, Clério Campolina, o ex-reitor Ronaldo Pena, toda a elite dirigente da Universidade Federal.

Não se trata apenas de uma repetição do que aconteceu em Santa Catarina. Primeiro pela envergadura da UFMG que é uma das três maiores Universidades brasileiras. Invadir a UFMG, prender o reitor, é um tapa na cara de todos nós. É uma afronta. Quando o reitor e a vice-reitora se negaram a dar informações sobre uma suspeita administrativa do Tribunal de Contas da União, da CGU? É uma violência inapropriada. É uma violência deliberada.

O projeto que está sob ataque é nada menos que o Memorial da Anistia. É intolerável que tenhamos mais uma vez a violação da universidade, que é um espaço por excelência da luta por liberdade, da luta pela democracia.

Nós tivemos uma ditadura militar, que prendeu, torturou, oprimiu. Nós ainda não fizemos as contas certas com o passado como fizeram a Argentina e Chile. O Brasil está em débito consigo mesmo. O Memorial da Anistia, em Belo Horizonte, numa universidade que abriga alguns dos maiores intelectuais brasileiros, alguns dos principais historiadores brasileiros, era lá que estava se fazendo uma pesquisa! Aqui está o Inep censurado. Trata-se de voltar atrás.

Aqueles de nós que viram o passado, que estávamos lá, sabemos o que foi a ditadura dentro das universidades. Nós não vamos tolerar, não vamos admitir que se repita o que já se praticou.
É um absurdo que estejamos vivendo uma repetição do passado, que se agridam as universidades, que se pratique a censura, que se lute contra a liberdade.

Precisamos recuperar a educação brasileira para o seu propósito de democratizar e de libertar. Sem isso não há educação verdadeira, real, nesse país.”

Deputada Margarida Salomão (PT-MG), no lançamento da Conferência Nacional Popular de Educação (Conape 2018)