“O caminho é a construção de alianças. Não só da esquerda, mas de todos que lutam pela democracia”. Esse é a alternativa que José Geraldo Santana, assessor jurídico da Confederação Nacional dos Trabalhadores em Estabelecimentos de Ensino (Contee), sinaliza para o enfrentamento do projeto de lei da Escola sem Partido (7.180/14). A fala abriu a segunda roda de discussão da Plenária do Fórum Nacional Popular de Educação, nesta quinta-feira (29), no auditório da CNTE, em Brasília (DF), dedicada às múltiplas agendas voltadas à destruição da Educação Básica.
De acordo com Santana, não bastam ações jurídicas para combater os retrocessos do projeto, mas é necessário o debate e a atuação conjunta com instituições como a CNBB, OAB, Ministério público e entidades estudantis.
Para fortalecer o debate, Gilmar Soares, secretário de Assuntos Educacionais da Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação (CNTE), apresentou a análise da relação entre a crise no capitalismo e a educação. Por trás do conservadorismo e da negação do conhecimento propostos pelo governo eleito, segundo ele, está o medo da revelação das estruturas do capital. “Por isso o ódio pregado contra Paulo Freire e a disseminação do Ensino Domiciliar, que prega a apartação social”, explica. Nesse sentido, a CNTE defende o fortalecimento da escola pública, a articulação política nos três poderes, o fortalecimento da organização sindical e o aprimoramento da comunicação com as bases.
Mário Magno, na União Nacional dos Estudantes (UNE) trouxe o olhar histórico para os problemas educacionais do país. “Vivemos um processo alienante, com a volta da censura e a disseminação dos ideais neoliberais, de cerceamento das liberdades”, esclarece, ao apontar a resistência e a politização estudantil como ações fundamentais nesse cenário.
A educadora Inês Barbosa finalizou a roda de exposição com a abordagem da Base Nacional Comum Curricular (BNCC). A presidente da Associação Brasileira de Currículo (ABdC) fez críticas ao documento que traria uma concepção reducionista da educação, além de desconsiderar o conhecimento que antecede à escolarização. “Traz a visão eurocêntrica da escola, promove a discriminação do diferente, favorece o controle, o pensamento cientificista e conteudista”, disse a convidada.
A programação teve continuidade com o debate, mediado por Maria Luiza Süssekind, da Associação Nacional de Pós-Graduação e Pesquisa (Anped), e Gil Vicente Figueiredo, da Federação de Sindicatos de Professores e Professoras de Instituições Federais de Ensino Superior e de Ensino Básico Técnico e Tecnológico (Proifes).
A Mesa foi coordenada pela Professora Doutora Analise de Jesus da Silva, Professora da UFMG e representante dos Fóruns de EJA do Brasil.