Teve início, na manhã desta quinta-feira (29), a Plenária do Fórum Nacional Popular de Educação (FNPE), no auditório da CNTE, em Brasília (DF). O evento, que reúne representantes de 35 entidades da área educacional, traz como tema “Os desafios do Plano Nacional de Educação e da mobilização da sociedade em face dos desmontes da educação pública”. O objetivo é promover ampla análise da conjuntura, realizar diagnóstico das eleições de 2018, planejar as ações futuras e discutir as estratégias de incidência, além de intensificar a luta em defesa da educação pública de qualidade e contra os retrocessos propostos pela Agenda Temer-Bolsonaro.
Na abertura da programação, a exposição acerca da conjuntura política, econômica e educacional ficou a cargo de Selma Rocha (ENFPT), Helena Costa (Unicamp) e André Santos (DIAP), com mediação de Madalena Peixoto (Contee). A proposta foi desenhar o cenário e sinalizar as perspectivas de atuação frente à chegada da extrema direita ao poder.
Nesse sentido, Selma apontou a tese do novo grupo político, que defende a ideia que a esquerda quer tomar o poder a partir dos movimentos ambiental, juventude, cultural e de mulheres. Assim, se mobiliza com ações contra eles e a todos que ameacem o papel da família na sociedade. “Os professores foram eleitos como inimigos da nação, com iniciativas ofensivas e violentas”, destaca a educadora. Ela indicou, ainda, entre as sugestões para o enfrentamento da situação, a articulação e organização das entidades e iniciativas, a criação de observatório para o registro das denúncias de violência promovida pela Escola sem Partido e deixar claro aos pais a legitimidade de Conselhos, Fóruns e Secretarias de Educação para acompanhar e avaliar a educação pública.
O convidado André Santos apresentou a análise das eleições 2018, a nova configuração do Congresso Nacional e as próximas pautas políticas. De acordo com ele, há no país a predominância da fragmentação partidária, perfil conservador em relação a valores e bancadas informais influentes. Na Câmara, 80% dos deputados eleitos têm nível superior, mais de 75% são brancos, 20% negros e as mulheres representam 15% da composição da Casa. O perfil ideológico é predominantemente de direita. No Senado, dos 32 senadores que tentaram a reeleição, apenas oito se reelegeram. “Nós deixamos que o país fosse para a direita”, relembra André.
Para a professora Helena Costa, o contexto da educação é marcado pelo controle do trabalho pedagógico, pela desvalorização do magistério, reforma do ensino médio, destruição dos sindicatos e movimentos sindicais e a suspensão da lei de desarmamento. “O profissional da educação está sendo alijado e substituído pelas fundações privadas”, aponta a palestrante.
Depois da exposição, o debate foi conduzido por Heleno Araújo (CNTE) e Tino Lourenço (CUT). No período da tarde, será realizada a segunda roda de discussão. A plenária segue até o dia 30.
Apresentação de André Santos (DIAP), “Apresentação – Resultados Eleições 2018″